Sonhei uma dia em que você chegava por trás de mim e dizia algo no meu ouvido. Queria saber o que era, mas ficou só no sonho. E pode ter certeza que não foi culpa minha teu jeito mineiro e teu sotaque era algo que me chamava atenção.
Lembro da ultima piscadinha em que você sorriu e deu um gole na garrafa enquanto aplicava a prova (tal garrafa que você levara todas a noites e que até o final ninguém sabia o que realmente você levava ali) me deixou com a cabeça fervendo e eu sabia que era só seu jeito e não tinha nada a ver comigo, mas só ajudou aumentar meu desejo.
Parece coisa de gente louca, mas o tal desejo faz a gente imaginar mil coisas sem conseguir dissimilar nada. Era assim que você me deixava toda vez que passava pelo corredor ao lado da minha cadeira.
E despretensiosamente descobri que meu desejo era você, mesmo que fosse ao menos por uma vez e me tomou minuciosamente, ficando intenso.
Era um sonho que não cabia mais só a mim, precisava te falar do que acontecia e da matéria para realiza-lo. Depois de dividir desse sonho com você notei que você ficou em uma guerra contra você mesmo.
Prefiro não acreditar na possibilidade de que desejos não realizados enraízam, preferia levar comigo a lembrança de algo bom que eu tenha vivido, não que esse período não tenha sido bom, afinal do mesmo jeito que você conseguia me desconcentrar ainda me fazia absorver algo ali e que vou levar pra vida.
Bom é que não precisei estudar Freud pra descobrir que ele acreditava que o desejo sexual era a energia motivacional primária da vida humana.
E como diz Freud "todo sonho é a realização de um desejo".
Guardo esse momento só para mim em uma pequena caixinha, e durante todo tempo não vou me atrever a confessar quantas vezes abro para poder refrescar a minha memória.
